sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

NINGUÉM liga para o Iêmen

Um conflito sangra este país do Oriente Médio.

Porem pouco se sabe sobre o que está acontecendo por lá.

Neste primeiro material de 2018 sobre Geopolítica e Atualidades, vamos acompanhar um pouco do que acontece com o Iêmen.


Sabendo um pouco mais sobre o país.

O Iémen (português europeu) ou Iêmen (português brasileiro)é um país árabe que ocupa a extremidade sudoeste da Península da Arábia. É limitado a norte pela Arábia Saudita, a leste por Omã, a sul pelo mar da Arábia e pelo golfo de Áden, do outro lado do qual se estende a costa da Somália e a oeste pelo estreito de Bab el Mandeb, que o separa de Djibouti, e pelo mar Vermelho, que providencia uma ligação à Eritreia. Além do território continental, o Iémen inclui também algumas ilhas situadas ao largo do Corno de África, das quais a maior é Socotorá.

A capital e cidade mais populosa do país é Saná.

























Mas o que vem causando conflitos dentro desse território?

O Iêmen é marcado por muitos derramamentos de sangue. Até início dos anos 60 o país era dividido: parte era governada por Britânicos (o Sul) e parte governada por uma monarquia local (o Norte). Vários golpes foram acontecendo em ambas as regiões - e muitos morreram no processo. No "fim" de tudo isso o país foi unificado durante os anos 90.

O atual momento vivido pelo Iêmen tem suas raízes na Primavera Árabe de 2011, onde manifestações por democracia invadiram as ruas do país. A pressão popular fez com que o presidente Ali Abdullah Saleh  (no poder já há 33 anos) cedesse com concessões econômicas (e negando-se veementemente a sair da presidência).


























Em Março do mesmo ano as tensões entre a oposição, polícia e exército aumentaram. Segundo os opositores, cerca de 850 pessoas morreram. Em Novembro do mesmo ano Saleh sai do poder - ficando no posto o seu vice imediato, Abd Rabbuh Mansur al-Hadi (que preparou o país para as eleições que aconteceriam no início do ano seguinte - e tinham ele mesmo como único candidato). Todas as tentativas de Hadi em mudar a constituição e orçamento do país foram rechaçadas e causaram ainda mais revolta entre os rebeldes Houthis - oriundos da região Norte do território.

Em setembro de 2014, depois de anos de caos e violência, insurgentes houthis tomaram a capital, forçando Hadi a mudar seu governo para a cidade portuária de Aden, no sul do país.

A disputa entre Houthis e as forças oficiais do governo.

Podemos dizer que o conflito é disputado por dois lados de uma mesma moeda. Os insurgentes Houthis fazem parte de um ramo de muçulmanos xiitas conhecidos como zaidistas e são apoiados pelo Irã. Do outro lado temos o governo oficial, apoiado por uma coalizão sunita encabeçada pela Arábia Saudita.


Nota do professor: Podemos perceber a queda de braço entre Irã e Arábia Saudita buscando maior influência no Oriente Médio e, principalmente, na Península da Arábia. O primeiro conta com cerca de 90% de sua população xiita (daí o apoio aos zaidistas). Já o segundo conta com cerca de 86% de sua população sendo sunita - o ramo do islamismo mais comum no planeta (daí vem o apoio ao governo de al-Hadi).


Desde março de 2015, mais de 8,6 mil pessoas foram mortas e 49 mil ficaram feridas, muitas em ataques aéreos liderados pela coalizão árabe.

Em meio à guerra, o país sofre com bloqueios comerciais impostos pelos sunitas. Em decorrência disso, estima-se que cerca de 20 milhões de pessoas não tenham conseguido receber a ajuda humanitária enviada via portos e aeroportos e criou a maior situação de fome da história recente.

Nota do professor: Observando o mapa podemos perceber que os rebeldes xiitas estão cercados por áreas em que os sunitas são maioria expressiva (caso da Arábia Saudita) ou os Ibaditas (que são maioria em Omã, país esse que fechou suas fronteiras com o Iêmen).

A ONU classifica a situação no Iêmen como a pior crise humanitária do mundo - além da guerra civil, há milhões de pessoas morrendo de fome e uma epidemia de cólera está em curso.

No começo do mês de Dezembro (em 2017), Ali Abdullah Saleh, que governou o país por 33 anos até ser deposto durante a Primavera Árabe em 2011, foi assassinado por rebeldes. Saleh já era considerado um aliado dos houthis, mas foi considerado "traidor" por se dizer disposto a dialogar com a Arábia Saudita, que apoia o governo iemenita.




















O conflito entre as partes entrou pelo ano de 2018 e parece não ter um fim próximo, por isso muitos grupos já citam o Iêmen como o país com a maior crise humanitária deste final de década.

O que acontece por lá é apenas parte de uma complexa situação que envolve diversos países do Oriente médio - e que precisa ser acompanhada atentamente por todos nós.

Prof. Marcelo Caetano


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